O Ponto

Reinaldo Ferreira foi um poeta português. Escreveu a maior parte de sua obra poética em Moçambique, que só publicada depois da sua morte. Você pode ler mais poemas dele aqui.

Por que a gente gosta? Do autor, pelo estilo simples, que põe a forma e a técnica a serviço do conteúdo. Do poema, pelo raciocínio dialético. Mas o que significa dialético? É entender que a contradição faz parte do mundo. Que aquilo que é bom pode ser ruim também. Que beber água te mantém vivo, mas também pode te matar. E que a gente só conhece o mundo através dos contrários. Você não enxerga nada na escuridão completa, e nem na luz total. Só se vê bem entre os dois. E o que tem o ponto do Reinaldo com isso? Ele, mínimo, muito menor que o imenso Nada, é que define o próprio Nada: a ausência do ponto. Insignificante, o ponto é o contrário que dá significado a todo o resto.

Sabe aquela fala do Mário Sergio Cortella sobre a gente ser só uma pessoa entre bilhões, numa galáxia entre trilhões? A gente não concorda. Não porque a gente gosta de carteirada. Odiamos. Mas porque o ponto importa.